quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mãe acusa professora de agredir criança por não saber fazer lição em Soracaba

19/10/2011 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 011 do caderno 
Regina Helena Santosregina.santos@jcruzeiro.com.br

A enfermeira V.S.D., mãe de um aluno matriculado na escola municipal Zilah Dias de Mello Scherepel, localizada no Jardim Santo André, registrou boletim de ocorrência (BO) no qual acusa uma professora da instituição de ensino de ter agredido seu filho, de 9 anos, dentro da sala de aula. As medidas de repreensão da docente perante a criança teriam acontecido no início deste mês e, segundo o documento, o garoto foi "empurrado contra a parede, teve suas bochechas "puxadas" e, em seguida, o braço torcido" porque não sabia fazer a lição. V. encaminhou o registro à Secretaria de Educação (Sedu). O órgão confirmou ter conhecimento das denúncias e diz que formou uma comissão de profissionais que está colhendo os depoimentos e caminha com o processo de apuração dos fatos. "Após a conclusão é que será definida a providência a ser adotada", diz, em nota.

Apesar de registrar apenas um BO, V. relata no registro policial que seu filho teria sido agredido por duas vezes. Na primeira delas, em 29 de setembro, o garoto estaria com uma das pernas no meio do corredor da sala de aula e a docente o teria chutado para que recolhesse o pé para debaixo da carteira. "Nessa ocasião, ele não me falou nada", relata a mãe. Porém, dias depois, o menino contou a ela sobre uma segunda agressão que, de acordo com o que diz a mãe, teria ocorrido quando, ao tentar tirar uma borracha da mão do menino - porque o mesmo não havia feito a lição de Matemática - a professora teria "torcido o braço e apertado o rosto" do aluno, junto com gritos e arremesso de objetos à parede. O estudante, que ingressou na referida unidade de ensino no segundo semestre deste ano, tem diagnosticado déficit de atenção e, segundo a mãe, toma medicamentos e realiza acompanhamento médico e psicológico.

V. contou que recebeu, por meio da agenda do filho, vários bilhetes da professora, relatando as dificuldades do aluno em prestar atenção e fazer as lições em sala de aula. Porém, reconhece que ainda não havia ido à instituição de ensino na qual o filho está matriculado para conversar com a professora pessoalmente. "Depois que tudo isso aconteceu nem fui à escola, porque não conseguiria me conter se encontrasse com ela. Ia perder minha razão. Meu filho ficou abalado, não queria mais ir à aula. Não quero que ele carregue esse trauma."


Caso não é isolado


A mãe da criança disse ter procurado pela direção da escola. Como medida em relação às denúncias, seu o garoto foi transferido para outra turma, já que a convivência entre aluno e professora se tornou insustentável. "Ele me disse que perguntava as coisas para ela e ela não respondia, dizia que era para ele falar com a diretora. Eu quero uma resposta da Prefeitura porque tenho certeza de que esta professora não tem condições de continuar dando aula. A direção sabe o que está acontecendo, mas está fechando a porta da sala de aula e deixando ela à vontade para continuar agindo assim, com medo de manchar o nome da escola. Não é um caso isolado", denuncia.

A conclusão de que outras crianças também poderiam estar sendo vítimas das agressões da docente aconteceu depois que V., além de registrar o BO e pedir providências à Sedu, resolveu procurar por um advogado e ingressar com processo civil e criminal contra a professora. E foi na busca por testemunhas do ocorrido, para compor os documentos que precisa para apresentar à Justiça, que ela diz ter encontrado apoio e tomado conhecimento de histórias de outras mães, cujo filhos também teriam sido agredidos. "Elas contam que essa professora grita muito e que uma vez até atirou uma menina contra a lousa." As outras mães denunciantes, entretanto, não querem aparecer e nem registraram boletim de ocorrência. A diretora da unidade de ensino e a professora acusada foram procuradas, pela reportagem, para comentar os fatos. Porém, apesar de dispostas a dar sua versão, não puderam falar pois não tiveram autorização da Secretaria de Educação para dar entrevistas.

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