quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Agressões e brigas nas escolas chegam a 60 casos por mês em Araraquara


04/12/2011 - Da Tribuna Impressa


Há 30 dias, uma menina de 8 anos foi violentamente espancada na cabeça por um garoto de 9 anos nas imediações de uma escola na periferia de Araraquara. "O rostinho dela ficou tão machucado que vai precisar de operação", contou Manoel Nunes, presidente do Conselho Tutelar 2 de Araraquara.
Segundo o conselheiro, são registrados mensalmente na cidade 60 casos de violência escolar — desde brigas entre alunos até agressões a professores e funcionários, em alguns casos, quando tentam apartar as lutas na saída das aulas.
De acordo com os dois conselhos tutelares de Araraquara, a maioria dos casos vêm de escolas nos bairros Jardim das Estações, Parque São Paulo, Selmi Dei e Vila Seixas. Mas, na semana passada, a Polícia Militar foi chamada para separar brigas de alunos até mesmo na região central da cidade. 
Nunes afirma que a violência também acontece dentro dos muros escolares. "Aluno que xinga, empurra e até joga coisas em professores e funcionários", conta.
A Secretaria de Estado da Educação diz não ter dados sobre esse tipo de ocorrência, alegando que as agressões são apenas casos de polícia ocorridos fora dos muros, mas, de acordo com o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp), os números da violência nas salas de aulas são escondidos.
"Fica dificil saber onde isto vai parar quando a gente vê que o agressor é uma criança de 11 anos", lamenta o conselheiro tutelar Valter Fraga.
"Um dia, eu tive de largar tudo no serviço para ir até a escola da minha filha, que tem 11 anos. Ela estava sendo ameaçada por um menino de 12. Ele falava que ia meter uma faca nela, não sei por qual motivo. E ele ainda ameaçou ‘quebrar ela na porrada’ se minha filha contasse para alguém. A gente fica apavorada porque já viu menino apanhar de grupo de alunos e outro ser esfaqueado na porta da escola. Dá medo!", conta a mãe de uma estudante do ensino fundamental público de Araraquara
Abafa
Um professor de escola pública do Parque São Paulo, que deu nota baixa para um estudante, encontrou, ao final das aulas, seu carro depredado. Ele estava estacionado do lado de fora da escola. Ocorrido neste ano, o caso é um dos contados por diretores da subsede da Associação dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) em Araraquara.
Segundo eles, que preferem não se identificar, as agressões sofridas pelos educadores vão desde xingamentos e ameaças de agressão fora da escola até chutes, pontapés e empurrões.
"Os professores são coagidos a não fazer boletim de ocorrência, senão, são retaliados", comenta a advogada Nilceia Aparecida Mateus, assessora jurídica da entidade, que conduz uma ação de reparação de danos morais contra o Governo de São Paulo porque saiu ferida ao tentar separar uma briga entre alunos. Em pesquisa estadual da entidade, feita em 2006, 96% dos professores disseram que ouviram agressões verbais; 88,5% que sofreram com vandalismo e 82% que foram agredidos fisicamente.

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