quinta-feira, 7 de junho de 2012

Vítima de bullying deixa de frequentar escola em São Jose dos Campos

04/06/2012 Castilho/Agência Bom Dia   redacao@bomdiasaojose.com.br

 

Uma menina estudiosa, comunicativa e que, embora tenha certa limitação nos movimentos, sempre se relacionou bem com as pessoas. Esse é o perfil de E.P.B., 9 anos, que mora no bairro Jardim São José 1, na zona leste de São José dos Campos. Porém, desde novembro essas características mudaram. Tudo por causa do bullying que sofreu na escola estadual Xenofonte Strabão de Castro, no bairro Jardim Santa Inês.

Desde então ela foi apenas uma vez na escola e se tornou uma menina calada, que pouco sorri. Em casa há quatro meses, E. passa boa parte do tempo escrevendo ou desenhando. E. não tem o movimento do joelho para baixo nas duas pernas e se locomove com cadeira de rodas. Ela também não possui a mão direita.

Mesmo com os problemas, a mãe de E., Maria Lúcia Pereira, disse que isso nunca foi empecilho para nada nos dois anos em que ela está na atual escola. “Ela sempre foi muito estudiosa e arrancava elogios dos professores”, disse a mãe, que também tem sofrido com a situação.

Problema
Tudo começou em novembro de 2011, já no final do 3º ano do ensino fundamental, série que cursava até então. Segundo a menina, três alunos da sala dela começaram a chamá-la de aleijada. “Eu conversei com as mães dos alunos para que isso parasse. As crianças até vieram pedir desculpas, mas começou tudo de novo na semana seguinte”, afirmou a mãe da menina.

E a recusa da menina em frequentar as aulas está refletindo no irmão mais novo, que tem cinco anos. Segundo a mãe, ele não quer mais ir às aulas para fazer companhia para E.

Estudos
Sem ir à escola, E. deixou de ter as aulas de matemática de que tanto gosta. Maria Lúcia disse que a escola prometeu que os materiais das aulas seriam entregues à ela para que a filha pudesse estudar, porém isso não aconteceu. “Eu já fui na escola mas não tem nada para eu trazer para casa. Agora ela está aqui em casa, querendo estudar, mas não pode”, disse Maria Lúcia.

A direção da escola nega problemas
o da Escola Estadual Xenofonte Strabão de Castro negou, em nota, que a aluna E.P.B. seja vítima de bullying na unidade escolar. 

De acordo com a direção da escola, em 2011 foi registrado um caso pontual de um aluno que teria ofendido a jovem e, na ocasião, o corpo docente se reuniu com os responsáveis pelo agressor para discutir medidas socioeducativas a fim de evitar a reincidência de situações semelhantes.

A direção informou ainda que implantou, em 2009, o Sistema de Proteção Escolar visando coibir eventuais fatores de vulnerabilidade e conflitos inerentes à comunidade escolar, como é o caso do bullying.

Quanto ao conteúdo pedagógico, a direção da escola afirmou que o material é entregue aos responsáveis pela aluna, conforme deliberação do Conselho Estadual de Educação nº 59/2006, que permite aos estudantes em tratamento de saúde, com real dificuldade de cumprirem as atividades escolares normais, a possibilidade de prosseguirem em seus estudos. As atividades foram descontinuadas pois os responsáveis pela estudante deixaram de retirar o conteúdo pedagógico na unidade escolar.

Especialista diz que bullying piorou
De acordo com o psicólogo Paulo Sodré, é comum que as crianças lidem com o que é novo para elas com piadas. O problema, segundo o especialista, é que as brincadeiras se tornaram ofensas. “Isso acontece porque as crianças são influenciadas pela violência que atinge a sociedade. As brincadeiras de hoje não são as mesmas de 10 anos atrás”, afirmou. Para ele, os alunos  que ofenderam a menina precisam ser acompanhados por profissionais da área pedagógica. Sodré disse também que E. precisará de psicólogo. “Ela vai ter que fazer um trabalho para se adaptar a essa condição e aprender a se defender durante essas situações que vão acontecer.”

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