sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Confusão em escola envolve alunos e policiais em Minas

23 de Setembro de 2011 - 
O acionamento da Polícia Militar, na manhã de ontem, pela Escola Estadual Marechal Mascarenhas de Moraes, o Polivalente do Teixeiras, na Zona Sul, terminou com alunos, pais e representantes da instituição na delegacia. Dois adolescentes, de 16 anos, alegaram uma suposta agressão por parte de um policial, durante a ocorrência. A confusão teria começado na véspera devido a uma briga entre um estudante do colégio e um ex-aluno, que teria invadido o estabelecimento. O atual aluno da escola teria sido agredido pelo invasor e teve seu uniforme rasgado. Para garantir a segurança do menino, a polícia foi chamada ontem. Contudo, alunos que testemunharam a confusão relataram que um dos policiais teria usado de violência contra dois estudantes sem motivo aparente, além de ter ameaçado outros jovens.
A mãe de uma das vítimas agredidas conta que havia solicitado à direção que chamasse a polícia caso a escola voltasse a ser invadida, porque, na quarta-feira, já havia acontecido uma briga envolvendo seu filho. "Soube que o garoto que bateu no meu filho estava na local e pedi à escola que garantisse sua proteção." A instituição confirma o relato da mulher. De acordo com a direção, o estabelecimento vem sofrendo com invasões com alguma frequência. "Acionamos a polícia como uma medida de segurança para nossos alunos", relatou a vice-diretora Norma Almeida. De acordo com o menino cuja mãe procurou a escola e que diz ter sido agredido, um dos policiais teria entrado no colégio perguntando quem estudava lá. "Eu estava sem uniforme, porque o meu rasgou na confusão de ontem (quarta-feira). Ele me levou para uma sala e me bateu na perna com um porrete, e só parou quando chegou um professor."
Ao testemunhar a violência contra o colega, outro aluno, também de 16 anos, teria orientado que ele procurasse a direção. "Disse que ele era estudante e não podia ser agredido dentro da escola." Segundo a testemunha, depois disso, o mesmo policial teria desferido golpes de porrete em seu estômago e sua orelha, também em um cômodo vazio do colégio. "Ele me pegou desprevenido. Fui ajudar meu amigo e, quando vi, estava apanhando." O pai do segundo adolescente que supostamente foi agredido relatou que, ainda na porta da escola, após a confusão, o policial teria ameaçado dar voz de prisão aos pais que protestavam.
Outros estudantes contaram que foram ameaçados. "Ele disse que me bateria caso eu não fosse para o pátio", afirma uma aluna do primeiro ano, 16. "É muito triste a gente vir para a escola e enfrentar uma situação destas, estamos aqui para estudar", desabafa um adolescente, 15. A vice-diretora Norma Almeida lamenta o ocorrido. "É muito constrangedor, porque queríamos exatamente o oposto: dar mais segurança aos alunos." Ela relata, entretanto, não ter testemunhado a agressão. "Os dois meninos chegaram à direção feridos, contando o que havia acontecido."
Conforme a ocorrência registrada pela PM, foram identificados três jovens sem uniforme no interior da escola. Eles foram abordados, mas um tentou fugir, pulando o muro e foi contido do lado de fora. Ainda conforme a polícia, os dois estudantes que permaneceram no pátio, ao serem ordenados que fossem para a diretoria, passaram a incitar os outros alunos contra os policiais. Diante do fato, os dois foram apreendidos em flagrante.

PM diz ter usado 'força moderada' devido a hostilidade
A ocorrência da PM relata que cerca de 350 alunos passaram a gritar palavras hostis contra a corporação. Assim, foi necessário o uso de "força moderada" para conduzir os dois meninos para a direção. O jovem que teria tentado a fuga também foi apreendido pela iniciativa de fugir e pela invasão do colégio. Os militares ainda relataram que foi necessário o apoio de várias viaturas, uma vez que havia um grande número de pessoas no local. O reforço teve como objetivo garantir a segurança dos policiais bem como dos alunos. Como aponta a polícia, os adolescentes foram encaminhados para o Hospital de Pronto Socorro (HPS). Um deles foi diagnosticado com uma lesão leve na coxa direita. O segundo, com uma leve contusão no braço direito e o terceiro, teria permanecido em observação, já que havia sofrido trauma abdominal. Neste caso, a PM afirma, no boletim de ocorrência, que o trauma teria sido causado pelo envolvimento do jovem em uma briga no dia anterior.
De acordo com o assessor de comunicação do 27º Batalhão da PM, capitão Paulo Alex Moreira, a corporação ainda não tinha sido comunicada sobre as agressões relatadas pelos adolescentes. Como apontou, os pais desses meninos devem procurar qualquer unidade da PM para informar o fato, a fim de que sejam tomadas providências pertinentes. "É de interesse da instituição a apuração do ocorrido, objetivando a verificação da verdade e medidas cabíveis." Os três adolescentes foram conduzidos para a delegacia, onde, até o fim desta edição, aguardavam a conclusão da ocorrência.
Hoje os alunos do Polivalente do Teixeiras afirmam que farão uma manifestação contra a violência, por volta das 7h, antes de entrar em sala de aula.

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